sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Crianças Abusadas

CRIANÇAS ABUSADAS


Os abusos acontecem quando o mais fraco é dominado pelo mais forte. Por isso as crianças são presas fáceis. Os agressores se aproveitam da ingenuidade, inocência e fragilidade delas.

Segundo o Disque 100 (Disque Direitos Humanos) e o SUS (Sistema Único de Saúde) entre 2012 e 2015 foram registrados, no Brasil, 120.000 (cento e vinte mil) casos de abusos contra crianças e adolescentes. Foram 3 (três) ataques por dia. O número deve ser muito maior porque muitos casos não são denunciados.

Segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) 70% das vítimas de violência e abuso sexual são menores de idade.

Na maioria das vezes o agressor é alguém conhecido e em quem a criança confia: pais, irmãos, avós, tios, professores, treinadores, amigos, médicos, cuidadores. Enfim, qualquer pessoa próxima da criança. Raramente o agressor é um estranho. Mas hoje, com a Internet, ficou mais fácil aliciar crianças e adolescentes,

Os abusos ocorrem em todas as classes sociais.

Geralmente, a criança abusada sente vergonha, medo ou culpa. Não denuncia para não incriminar os pais, para não ser motivo de separação entre eles.


Como pode ser o abuso?
Existem vários tipos de abuso:

FÍSICO: quando a criança é agredida com violência de maneira intencional,  através de socos, chutes, queimaduras, mordidas, sacudidelas.

SEXUAL: quando a criança é acariciada nos órgãos genitais e no ânus, quando é obrigada a ter relação sexual, quando é explorada através da prostituição ou da produção de material pornográfico com sua imagem, quando o agressor lhe mostra suas partes íntimas.

EMOCIONAL: quando sofre agressões verbais, mentais e psicológicas (ameaças, castigos), e através de atos omissos que podem causar transtornos comportamentais e cognitivos.

POR NEGLIGÊNCIA: deixar de prover a criança de necessidades básicas como dar banho, comida, roupas, não colocá-la na escola, não lhe ensinar boas maneiras, não levá-la ao médico ou dentista. Não vaciná-la.


Como reconhecer os sinais de abuso?
Observar se a criança apresenta os seguintes sinais:

FÍSICOS: hematomas, queimaduras, ossos quebrados, lesões na cabeça e nos olhos, hemorragias, feridas pelo corpo, dores de cabeça, dores inexplicáveis no corpo, lesões nos órgãos genitais e no ânus, dificuldade para andar ou sentar, atração exagerada pelo sexo, masturbação compulsiva.

EMOCIONAIS: faz xixi na roupa ou na cama, tem pesadelos, sobressaltos, medo de tudo ou de todos, volta a se comportar como bebê (chupando os dedos, conversando como ele), tem medo de dormir.

POR NEGLIGÊNCIA: roupas, corpo e cabelos sujos, sem sapatos, com fome, com assaduras, infecções na pele, não frequenta a escola ou tem queda no rendimento escolar, não é levada ao médico ou ao dentista.

Um sinal isolado não significa que a criança sofreu abuso. É preciso apresentar vários sinais.

Criança que sofre qualquer tipo de violência (física, sexual, mental) muda seu comportamento e a maneira de agir. É preciso estar atento a estas mudanças, pois a violência traz sérias consequências no desenvolvimento dela.


Sintomas apresentados por uma criança abusada

.Mudança de comportamento é um dos sintomas mais significativos. Uma criança extrovertida torna-se introvertida e vice-versa. A calma torna-se agressiva e a agressiva se esgueira pelos cantos da casa, torna-se submissa.

.Tristeza profunda, choro e depressão sem motivo algum.
.Sonolência durante o dia e falta de sono à noite.
.Incontinência fecal ou urinária.
.Comportamento sexual adiantado para sua idade. Masturbação.
.Medo de determinada pessoa (pode ser o agressor).
.Aumento ou diminuição de peso muito rápido.
.Desenhos com a genitália masculina aparecendo, em destaque.
.Dificuldades de concentração e aprendizado.
.Isolamento. Prefere ficar sozinha, sem amigos. Não se socializa em casa e nem na escola. Não conversa.
.Evita o olhar das pessoas.
.Apresenta doenças sexualmente transmissíveis.
.Distensões musculares.
.Vergões nas pernas, nos braços e no bumbum.
.Roupas inadequadas para a estação, como blusas de mangas compridas no calor.
.Cabelos cobrindo partes do rosto.
.Anorexia, bulimia, compulsão alimentar.
.Não gosta de ser tocada
.Perde o interesse por tudo: esportes, escola, passeios, aulas de dança, etc
.Fica encimesmada, absorta em seus próprios pensamentos
.Foge sempre de casa
.Está sempre doente, desnutrida
.Se recusa a trocar de roupas na frente de qualquer pessoa


Como o abusador sexual age?

O abusador sexual  aproxima-se da criança fingindo ser seu amigo. Através de subornos (presentes, balas, dinheiro....) cativa a criança. Começa, então, a seduzi-la fazendo-a crer que tudo é um jogo divertido, gostoso, sem maldade e que deve ser um segredo só deles, que ela não deve contar a ninguém, principalmente aos pais (ou somente à mãe se o pai ou o padrasto forem os próprios agressores) pois eles ficarão bravos e podem colocá-la de castigo ou mesmo bater nela. Ameaça a criança dizendo que vai matá-la ou matar a sua família.
O abusador é um covarde que gosta de se sentir superior, admirado, importante e poderoso. Agride sempre o mais fraco.
A criança, por ser ingênua e crédula é uma presa fácil.
Inúmeras crianças somem em parques e locais públicos porque o abusador se aproxima dela com um cãozinho ou gatinho e diz que tem mais em casa e se ela quiser um deverá ir com ele buscá-lo. Ou então finge que perdeu alguma coisa ou um animalzinho e pede para a criança ajudá-lo a procurar.

Inúmeras vezes a criança tenta contar ao pai ou à mãe o que está acontecendo com ela, mas eles não acreditar. Quando o agressor é o pai ou o padrasto, com medo de serem abandonadas por eles, as mães ignoram ou fingem não acreditar.

O que fazer?

Se desconfiar que a criança está sendo abusada:

.Converse com ela, demonstre que você está do lado dela e que ela pode confiar em você.
.Deixe claro que o acontecido não é culpa dela.
.Não a obrigue a contar detalhes. Deixe que a criança conte espontaneamente.
.Confirme se houve mesmo abuso levando-a ao médico. Em caso positivo, denuncie o agressor às autoridades competentes.
. Cuidado! Investigue cuidadosamente. Só denuncie se tiver certeza e evidências do fato. Muitas vezes, denúncias sem comprovação, destroem vidas (veja o caso da Escola Base de São Paulo. Em 1994 os donos da escola Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, a professora Paula Milhim Alvarenga e o motorista da escola Maurício Monteiro de Alvarenga foram acusados, falsamente, de pedofilia. A escola foi depedrada, e eles tiveram a vida destruída.)
.Se o abusador não for denunciado pelos pais (eles podem ser os abusadores) qualquer pessoa pode fazê-lo: parentes, vizinhos ou amigos desde que comprovado o abuso. Neste caso, chamar os agentes de proteção à criança ou outras entidades como:
Disque denúncia, tel 100
Polícia Militar, tel 190
Polícia Rodoviária Federal, tel 191
Delegacias de Polícia de sua cidade
Se possível, encaminhar a criança a um psicólogo e/ou psiquiatra


Fontes:
Crianças Psicopatas: culpa dos pais? Maria Beatriz Alamy
Psiquiatria da Infância e Adolescência. Dorothy Stubbe
Beatriz Alamy
Educadora, pesquisadora, escritora, musicista

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